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O que é fadiga pandêmica?
Inquietação, ansiedade e impaciência. Especialistas defendem que a fadiga pandémica poderá estar relacionada com o relaxamento nos cuidados com a covid-19. OMS já recomenda atenção a governos e autoridades de saúde.
A degradação da saúde mental será, inevitavelmente, uma das grandes consequências da pandemia da covid-19. A juntar-se aos já preocupantes índices de depressão e problemas de saúde mental registados antes do aparecimento do novo coronavírus, o distanciamento social, desemprego galopante e quebra abrupta nos rendimentos inerentes à situação de pandemia colocam ainda mais pressão sobre a população.
A mais recente preocupação das autoridades de saúde é a fadiga pandémica, um fenómeno recentemente identificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Este novo tipo de fadiga está diretamente relacionado com o desgaste emocional provocado pelo vírus. Carrega riscos e perigos, caso não seja tratada.
O que é a fadiga pandémica?
Desmotivação extrema relativamente a todos os assuntos relacionados com a covid-19 será talvez a maneira mais simples de definir este fenómeno que, de acordo com a OMS, requer a atenção de governos e autoridades de saúde. Esta organização internacional traçou um perfil a este “sentimento” de exaustão provocado pelas mudanças ligadas ao novo coronavírus, mas ainda é muito cedo para conseguir apurar com exatidão quantas pessoas abrange e o verdadeiro peso nos números da pandemia, ou seja, a percentagem de novos casos diretamente ligado a este fenómeno.
“A fadiga pandémica prende-se com a incapacidade de reação das pessoas a algo relacionado com a pandemia. No fundo, as pessoas já esgotaram toda a sua energia — mental ou física — a reagir ao vírus e estão num estado em que já não conseguem desenvolver nenhuma atividade relacionada com a covid-19”, como ver notícias ou desinfetar as mãos
A fadiga pandémica prende-se com a incapacidade de reação das pessoas a algo relacionado com a pandemia. No fundo, as pessoas já esgotaram toda a sua energia — mental ou física — a reagir ao vírus e estão num estado em que já não conseguem desenvolver nenhuma atividade relacionada com a covid-19, como ver notícias ou desinfetar as mãos.
O especialista em Saúde Internacional Tiago Correia descreve a condição como um “ponto de ruptura mental” que, em casos extremos, pode levar a episódios de agressividade e inquietação, dois dos sinais mais evidentes para quem está sob fadiga pandémica. Apesar de ser algo identificado recentemente, o balanço faz não é muito animador: “Só o futuro dirá se não estamos a lidar com um dos maiores fatores de degradação da saúde mental a nível mundial.” A “avalanche” informativa que rodeia a covid-19 – aliada à desinformação e contra-informação que circula nas redes sociais – pode criar um “sentimento de insegurança e medo”, defende o especialista.
Quais são os riscos?
Além de afetar profundamente o indivíduo, este novo tipo de fadiga pode implicar um risco para a saúde pública. Como explica a diretora da ENSP, as pessoas afetadas por este fenómeno deixam de adoptar as devidas precauções para evitar o vírus por considerarem que os seus atos não farão diferença no conjunto geral da pandemia. “A consciência de que se eu fizer algumas coisas vai contribuir para o bem comum é algo complicada. As pessoas desligam-se porque sentem que as suas ações já estão separadas da evolução ou do resultado da pandemia. Tiveram [os cuidados] durante um tempo e neste momento já não têm mais energias para reagir”, define.
Além desta displicência quanto aos cuidados e recomendações das autoridades, a fadiga pandémica comporta ainda alterações comportamentais súbitas, como explica Tiago Correia. “Traduz-se num estado de inquietação, ansiedade, impaciência, mas que, em casos extremos, pode transformar-se em agressividade em relação às autoridades de saúde, jornalistas, comentadores e mesmo poderes políticos”, resume o especialista.
Como reverter a situação?
A OMS diz que a solução para este problema passa pelo envolvimento ativo das pessoas na solução, admitindo que há uma necessidade de deixar a vida continuar ao mesmo tempo que os potenciais riscos são reduzidos. Há, contudo, outras soluções mais concretas que podem ser adoptadas para dar a volta por cima.
“Identifico dois grandes grupos de medidas. Uma são as individuais, ou seja, dentro deste contexto restritivo, fazer as coisas que nos dão prazer e nos permitam cortar um pouco com estes fatores de stress. Mas, quando estamos a falar de pessoas que perdem o emprego e o rendimento, parece que estamos a gozar com as pessoas. Tem de existir um conjunto de respostas institucionais: na Segurança Social, por exemplo, tem de existir uma consciência sobre se as pessoas estão numa situação de vulnerabilidade de rendimento”, explica Tiago Correia.
O especialista defende que esta instituição tem de tomar em conta a “necessidade de repor o rendimento onde ele é quebrado”. Quanto ao Ministério da Saúde, Tiago Correia advoga um “reforço do apoio psicológico nos cuidados de saúde primários”, considerando fundamentais respostas a nível local: “As comunidades locais, juntas de freguesia e as próprias autoridades de segurança, devem mapear grupos de risco”.
Por último, alterações no sector da comunicação, um dos que mais contribui para o agravamento da fadiga pandémica. “A comunicação social também tem um papel e tem de avaliar o impacto das mensagens que transmite. Tem um papel ativo em pensar mais no destinatário das notícias e em evitar que estes fatores de insegurança e medo se perpetuem”, finaliza Tiago Correia.
Fonte: Publico.pt
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