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Traição: psicóloga explica tipos, consequências e se é a mulher ou o homem o mais infiel
Além da conhecida traição sexual, existem outras formas; entenda
A traição é um tema diverso e pode ocorrer em diversos contextos.
Conforme explica a psicóloga e mestre em psicologia e saúde Ana Streit, além da traição sexual, existem outros tipos, como:
- Comprometimento condicional, o qual é “estar com a pessoa até que alguém melhor apareça”;
- Um caso sem sexo, ou seja, estar envolvido emocionalmente com outra pessoa, e esconder essa relação do parceiro;
- Mentiras e omissões. Entram aqui “pequenas mentiras” e até maiores e mais complexas, como manipulações;
- Desrespeito, como mostrar desprezo pelo parceiro ou pela parceira;
- Romper promessas, ou, prometer o que sabe que não vai cumprir, que seria também um tipo de manipulação;
- Atitudes como egoísmo e injustiças, pois denunciam a não-reciprocidade e não parceria na relação.
Para a especialista, cada tipo de traição irá machucar de formas mais ou menos intensas quem foi traído e, além disso, um aspecto que também pode impactar é a soma de traições.
“Alguém que mantém um caso extra conjugal que leva anos, por exemplo, precisa se envolver em uma série de mentiras para sustentar o caso e escondê-lo do parceiro. Essa complexidade aumenta o impacto e dificulta a reconstrução da confiança. O perdão pode acontecer, mas, não quer dizer que seja sinônimo da reconstrução da relação”, explica.
A interpretação de um beijo como traição depende muito do contexto e dos acordos estabelecidos dentro de um relacionamento. Em relacionamentos monogâmicos, muitas vezes há um entendimento de exclusividade emocional e física entre os parceiros. Nesse contexto, se um beijo acontece entre um parceiro e outra pessoa, pode ser considerado traição, já que está rompendo com essa exclusividade.
Existe estelionato emocional?
O estelionato emocional é uma forma de violência psicológica, composto de manipulação, mentiras e da construção de um mundo de ilusão, explicou a psicóloga. Inclusive, essa influência pode relacionar-se com vantagens financeiras por meio de fraudes.
“O impacto emocional dele é gigantesco, por usar de aspectos saudáveis do outro, como a confiança, por exemplo, além de distorcer, fazendo com que a pessoa enganada fique machucada não só nesta relação, mas nas posteriores também. É o que chamamos de ferida de apego, uma ferida emocional complexa de ser tratada, mas que se relaciona diretamente à forma da pessoa se relacionar nas próximas experiências”, explica Ana, ao relembrar que para estas situações existe a Lei Maria da Penha Nº 11.340, cujos mecanismos servem para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
Para os efeitos desta lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.
Quem é mais infiel: o homem ou a mulher?
A respeito sobre qual gênero trai mais, a psicóloga detalha.
“Historicamente vemos que os homens traem mais, até mesmo em função do patriarcado e da diferença de gênero, que colocam o homem nessa posição de mais poder. Quanto mais machismo, mais o homem terá crenças de que pode trair e, a mulher, de que precisa aceitar ou tolerar esse tipo de comportamento. Um dos motivos principais, levando este aspecto do estereótipo de gênero em conta, é o homem sentir-se que tem o direito de trair, afinal, é superior que a mulher”.
Estudos da “Radiografia da Infidelidade e Infiéis no Brasil”, realizados em 2022, mostram que oito em cada 10 pessoas já traíram em relacionamentos monogâmicos, colocando o Brasil como o país mais infiel da América Latina, seguido por Colômbia, México, Argentina e Chile.
Os entrevistados nas pesquisas consideram que os homens são mais infiéis e os dados comprovam isso: 91% dos participantes do gênero masculino afirmaram já terem traído, contra 88% das mulheres.
Quem perdoa mais: o homem ou a mulher?
“Se seguirmos a mesma lógica também da resposta, quem tende a perdoar mais é a mulher. O machismo está infiltrado na nossa sociedade em diferentes camadas e influencia os relacionamentos mais do que nossos olhos conseguem ver. É importante não generalizarmos, mas, abrirmos um espaço para refletir sobre o comprometimento nos relacionamentos e para a equidade de gêneros, onde empatia e reciprocidade falam mais alto do que nossas raízes machistas e patriarcais”, finaliza a psicóloga.
Fonte: CNN
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