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Lockdown, Isolamento social e quarentena: como as restrições da Covid-19 afetam a saúde mental

Está bem documentado, agora, que a pandemia contribuiu para uma série de problemas mentais, como estresse, ansiedade e depressão.

Desde que a cidade de Wuhan, na China, decretou o primeiro lockdown para conter a disseminação do novo coronavírus, todo o mundo teve de viver sob alguma forma de restrição relacionada à pandemia.

Alguns países optaram por severos lockdowns nacionais, como o Reino Unido atualmente. Enquanto outros países, como Taiwan, optaram pelo fechamento das fronteiras e quarentena obrigatória para quem chegava de outros países. Essas diferentes abordagens para restringir o movimento têm diferentes efeitos no nosso bem-estar.

Está bem documentado, agora, que a pandemia contribuiu para uma série de problemas mentais, como estresse, ansiedade e depressão. Mas qual é o papel das restrições de movimento? E como elas se diferenciam?

Restrições diferentes na pandemia

Pesquisadores de diferentes partes do mundo dedicam-se a estudar quais impactos específicos o lockdown, a quarentena e o isolamento podem ter tido sob a saúde mental da população.

 

 

 

 

Quarentena

Olhar para pandemias passadas pode ajudar a entender a atual. Uma revisão acadêmica recente examinou estudos de pessoas que ficaram em quarentena, como resposta a outros surtos, como o Ebola, SARS e a gripe A, do H1N1. A revisão concluiu que a quarentena pode levar a uma série de efeitos psicológicos danosos.

Dois dos efeitos são o medo e a ansiedade que podem aumentar devido às preocupações em pegar ou transmitir o vírus, além do receio nos efeitos da pandemia na saúde, no social e na economia. Indivíduos podem também sentir raiva com as mudanças nos protocolos que são impostos e afetam o cotidiano e o sentimento de controle.

Os efeitos de longo prazo da quarentena podem levar algumas pessoas a desenvolverem reações de estresse pós-traumático, o que pode se manifestar em sentimentos de exaustão, irritabilidade e tristeza.

 

Lockdown versus isolamento autoimposto

Para as medidas de lockdown e isolamento autoimposto, já há dados da pandemia de Covid-19. Uma pesquisa feita na Itália, país que foi afetado no início da pandemia e que passou por um extenso lockdown, mostra que mais de um terço da população em geral vivenciou estresse psicológico significativo durante o segundo mês de restrições devido ao coronavírus.

Em um estudo que ainda será publicado, meus colegas e eu olhamos para qual impacto o lockdown teve no bem-estar psicológico e na sensação de felicidade, em comparação ao isolamento autoimposto. De março a julho de 2020, nós avaliamos uma série de adultos britânicos que estiveram sob uma das três formas de restrição: autoisolamento, lockdown completo ou lockdown parcial. Enquanto o primeiro se refere a ficar em casa, sem sair para trabalhar, o parcial permite que a pessoa saia para ir ao trabalho.

Controladas as variáveis de idade e gênero, encontramos que aquelas pessoas em isolamento autoimposto relataram níveis de bem-estar psicológico e de felicidade menores em comparação às pessoas em lockdown completo ou parcial, sem diferenças entre os dois últimos grupos.

Os achados sugerem que o isolamento autoimposto afeta o bem-estar psicológico e a felicidade em um nível maior do que o lockdown.

 

Animal social na jaula

As restrições devido à pandemia da Covid-19 elevaram os medos das pessoas sobre saúde e segurança, bem como as consequências sociais e financeiras. O isolamento autoimposto pode contribuir para essa sensação por conta da separação prolongada dos amigos e familiares – pessoas que formam a rede de apoio.

Isso acontece porque, durante o isolamento, as pessoas evitam contatos com todos, inclusive com pessoas que moram na mesma casa (levando em consideração que o isolamento autoimposto é feito por quem suspeita da doença).

Igualmente interessante é o achado de que não há diferenças entre aqueles que estão em um lockdown completo e os que estão em lockdown parcial. Isso sugere que as pessoas podem manter um senso de satisfação, otimismo, compromisso e um estado de humor positivo, apesar das restrições impostas sobre eles, o que uma prova da resiliência humana em condições difíceis.

Humanos são essencialmente animais sociais. Nossos grandes cérebros se desenvolveram para abraçar o contato social e desenvolver habilidade que nos ajudaram a sobreviver e prosperar. Essas habilidades incluem a linguagem, a resolução de problemas e planejamento, além da empatia e cuidado com o próximo. Nós estamos preparados para o contato social e para a comunicação.

Isolamento social quebra muitas dessas formas de comunicação e interação, que são chaves para formar laços sociais fortes. Não deveria ser surpresa nenhuma saber que períodos prolongados de isolamento podem levar a uma série de problemas psicológicos, assim como é visto no comportamento e na comunicação anormais de animais enjaulados.

Depois de um ano de pandemia, nós ainda precisamos entender a totalidade das consequências psicológicas da Covid-19. Mas, entendendo como as diferentes restrições afetam nossos animais sociais internos é um importante primeiro passo, enquanto navegamos por essa pandemia e nos preparamos para a próxima.

 

Fonte: The Conversation

 

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