A forma de trabalhar mudou durante o isolamento social. Muitas pessoas saíram do escritório e estão trabalhando em casa para evitar o contato físico e conter o contágio do Covid-19. O problema é que essa mudança veio de repente, pegou muita gente de surpresa, e as pessoas não tiveram tempo de se preparar nem física nem psicologicamente para essa nova realidade profissional.
A psicóloga Camila Bonagamba avalia que a pandemia é uma experiência muito nova para todos nós, algo que nunca vivemos antes e por isso não temos modelos de como agir nessa situação. “É tudo muito novo, estamos aprendendo a lidar com o isolamento social. Isso gera medo, incerteza do que vai acontecer, tristeza com as notícias que assistimos todos os dias, gera angústia e pode até desencadear um quadro depressivo ou ansioso. Imagina um profissional ter que trabalhar com todos esses sentimentos. A maioria de nós estamos assustados e essas preocupações interferem no trabalho e na produtividade” explica a psicóloga.
A Etus Brasil, uma das maiores plataformas de marketing da América Latina, com sede em Ribeirão Preto, foi uma das primeiras empresas a aderir ao home office para 100% do time e preocupada em ajudar a equipe a passar por essa fase com mais equilíbrio e saúde, está disponibilizando atendimento psicológico online para todos os colaboradores. “Sabemos que o isolamento social está trazendo à tona muitas emoções novas que as pessoas não estão acostumadas a lidar. Ainda se soma a tudo isso uma nova rotina de trabalho com o home office, um novo ritmo, que exige diversas adaptações. Tudo isso são situações que podem gerar estresse e afetar o equilíbrio e até a saúde do nosso time, por isso optamos por oferecer esse atendimento com um profissional qualificado a ajudar a equipe nessa fase”, conta André Patrocínio, CEO da Etus.
O atendimento psicológico tem tido bastante adesão dos funcionários, que enxergam na iniciativa uma ótima oportunidade de cuidar do equilíbrio mental e da ansiedade. Lucas Vasconcelos, que é Head of Custumer Success na Etus, relata que não ter a estrutura que a empresa oferece em casa e a distância dos membros da equipe são para ele as principais dificuldades do home office. “Olhar olho no olho, sentir a expressão das pessoas, a energia do time, tudo isso faz muita falta. Nós não dependemos do esforço físico mas do raciocínio, criatividade, empatia e isso tudo está ligado ao emocional. O equilíbrio muitas vezes não depende só de você e você tem que organizar esse caos de alguma forma. Para quem precisa usar a cabeça para alcançar o resultado é fundamental esse acompanhamento. Um psicólogo consegue te dar uma visão que familiares, outras pessoas que estão perto de você nesse momento não conseguiriam”, explica Lucas.
De acordo com a psicóloga, a quarentena também afeta o emocional ao privar as pessoas de situações que eram muito agradáveis antes do isolamento como bater papo com os amigos na hora do café, ir para academia depois do trabalho, encerrar a semana com um happy hour. O distanciamento também força as pessoas a refletirem mais sobre suas vidas. “Antes o ritmo frenético não permitia que as pessoas parassem para pensar na vida e agora ela está em casa sozinha. Problemas antigos, dúvidas, anseios podem acabar vindo à tona. São muitos fatores que podem interferir na produtividade e no equilíbrio dos profissionais nesse momento”, explica Camila.
É importante ter alguém qualificado que possa acolher esses sentimentos, escutar, ajudar a reconhecer seus recursos nesse momento. Perceber quais são seus limites psicológicos e profissionais. “O psicólogo pode ajudar a organizar sua nova rotina e selecionar as atividades que são prioritárias. É importante ter um espaço para reflexão, para elaboração de angústias, identificação de recursos para enfrentar essa situação da melhor forma possível”, finaliza a psicóloga.
Fonte: Jornal Jurid
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